quarta-feira, 9 de maio de 2007

Independência do BCE

Esta notícia está relacionada com uma questão mencionada numa aula passada. Com efeito o BCE será, talvez, o único banco central do mundo cuja política de fixação da taxa de juro é decidida em função de um único critério - a inflação.
Enquanto todos os outros bancos centrais - como o FED, dos EUA, mencionado na aula - fixam a taxa de juro em função do acompanhamento que é feito sobre a inflação e sobre as perspectivas da economia, numa lógica de estímulo ao seu crescimento, no BCE entendeu-se que este último critério seria perigoso.
É verdade que, em tese, será desejável que a taxa de juro seja fixada tendo em consideração o estado da economia (numa política de contra-ciclo). No entanto, esta opção será sempre política e, numa união de vários Estados soberanos, encerra riscos complexos. Os efeitos de uma má decisão tendem a ser diluídos pelos diversos países - não afectando apenas os responsáveis pela decisão. Para além disso, a performance da economia é muito diferenciada. A fixação de uma taxa de juro em função dessa performance prejudicaria sempre uns países em benefício de terceiros. E dada a enorme influência que a França e a Alemanha têm na zona Euro (a segunda economia da Europa, o Reino Unido, está fora do sistema), compreende-se que os restantes aderentes tenham procurado afastar o risco de tomada de decisões políticas no BCE, que seriam sempre tomadas em favor destes dois países.
Naturalmente, uma decisão que visasse estimular o desenvolvimento económico beneficiaria sempre um país em contra-ciclo com a Europa. Portugal apresenta a mais baixa taxa de crescimento dos 27, e seria o país mais beneficiado com uma descida dos juros efectuada com esse objectivo. Mas, seja qual for o critério - ecnomia ou inflação - conta muito pouco para influenciar essa decisão.

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